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Adriano Silva

Você gosta de alegrias ou é um fã incondicional das tristezas?

Adriano Silva

26/06/2019 18h26

 

Quando você tem uma tarefa chata pela frente, seja a entrega de um trabalho difícil de por de pé, ou a leitura de um relatório pedregoso, ou uma reunião tensa, a vida fica ruim. Você custa a pegar no sono, perde o apetite (ou então não consegue parar de comer), uma buzina parece ficar ligada dentro de você, pronta para disparar a qualquer momento.

Da mesma forma, quando você tem um evento bacana diante de si, seja um jantar romântico, ou uma viagem há muito planejada, ou uma festa louca cheia de gente querida reunida, a vida fica melhor. As horas e os dias que antecipam a coisa boa que está por vir ficam mais macios, se revestem de um prazer que muitas vezes é até maior nessa prelibação do que quando o evento de fato acontece.

A vida da gente tem, e sempre terá, esses dois tipos de eventos: as coisas boas, que amamos, e as coisas não tão boas, que fazemos por obrigação, e que não faríamos se pudéssemos evitar.

Eis o ponto: você pode escolher com qual desses dois tipos de eventos vai marcar os acontecimentos em sua vida.

A gente organiza o dia, a semana, o mês, o ano, a década, a vida inteira, com marcadores. É assim que formamos a nossa rotina, os nossos hábitos, o nosso dia-a-dia. É assim que nos planejamos para caminhar existência afora. É assim, inclusive, que lembramos das coisas que aconteceram conosco. Portanto, não se trata apenas de estabelecer uma régua que nos permita olhar para frente, e ir adiante, com doses maiores de felicidade. Mas também de estabelecer um filtro que nos permita registrar as coisas, dentro da gente, de um jeito positivo. Escolher bem os marcadores da vida não ajuda só a existir melhor no presente e a planejar o futuro com mais alegria; mas ajuda também a catalogar melhor o passado.

A semana do seu casamento é uma sequência de alegrias. Uma versão eufórica da vida. E de você mesmo. Da despedida de solteiro à noite de núpcias, você é o protagonista de um filme bom, cheio de esquetes divertidas e de passagens bacanas, que faz sorrir e enleva.

Da mesma forma, a semana em que você terá que se despedir de alguém que lhe é caro e que vai ficar longe durante muito tempo (talvez para sempre, quem pode dizer?) é uma sequência dura de horas frias – uma engrenagem que se arrasta diante de nossos olhos, e que nos arranha os ouvidos.

Que coisas fazem você pular da cama feliz, cheio de boas energias? Primeiro: saiba que coisas são essas. Ou dito de outro jeito: conheça-se. Segundo: ponha mais dessas coisas em sua vida. Terceiro: foque nelas ao olhar para frente, ao pensar no seu dia ou na sua semana.

Na mão contrária, saiba quais são as coisas que lhe fazem não querer acordar no dia seguinte, que lhe puxam para o chão gelado do banheiro com peso de chumbo. Vá tirando essas coisas da sua vida. Uma a uma. Devagar e sempre. E, sabendo que um tanto delas sempre vai existir, não defina sua vida a partir delas, não deixe que elas façam parecer que você só tem esse tipo de coisas à disposição. É mentira. Uma mentira que a gente adora contar para si mesmo. E uma mentira perigosa. Que acaba mudando de verdade as cores e as luzes e os timbres na vida da gente.

 

Para mais conversas ao pé do ouvido sobre tristeza, melancolia, depressão (essas coisas que só acontecem com outros, e nunca com a gente) siga o Podcast Retrato, do Projeto Draft. Clique e ouça.

Adriano Silva é jornalista e empreendedor, CEO & Founder da The Factory e Publisher do Projeto Draft. Autor de nove livros, entre eles a série O Executivo SinceroTreze Meses Dentro da TV e A República dos Editores. Foi Diretor de Redação da Superinteressante e Chefe de Redação do Fantástico, na TV Globo.

Sobre o Autor

Jornalista e empreendedor, CEO & Founder da The Factory e Publisher do Projeto Draft. Autor de nove livros, entre eles a série O Executivo Sincero, Treze Meses Dentro da TV e A República dos Editores. Foi Diretor de Redação da Superinteressante e Chefe de Redação do Fantástico.