Meus desejos de Ano-Novo para você (e para mim também)

Você tem sido seu amigo?

Como você tem se tratado? Você tem se apoiado do jeito certo?

Quando você não se apoia, duvida de si, se joga para baixo, você está sendo seu inimigo. Ao não poder contar consigo mesmo, você se transforma no seu pior adversário – aquela voz que fica dentro da sua cabeça lhe espezinhando o tempo inteiro.

Quando você se apoia demais, aceita tudo, jamais questiona a si mesmo, passa sempre a mão na própria cabeça, você também está sendo seu inimigo. Porque, incapaz de uma autocrítica, você também se torna incapaz de aprender e crescer.

Você tem escolhido as coisas certas para fazer?

Não me refiro às coisas certas do ponto de vista dos outros, dos planos que fazem para você; nem às obrigações que surgem das expectativas que os demais possam ter a seu respeito – e que você acaba introjetando. Falo das coisas certas para você. Do seu ponto de vista. Aquilo que você realmente quer fazer da sua vida.

(Qualquer coisa que lhe desviar desse caminho será perda de tempo. E tempo é o mais escasso e finito dos recursos que você tem à sua disposição. Como na bela canção de Alicia Keys: são só 28 mil dias. E, pum, acabou. Trate cada um dos seus dias com rigor.)

Você tem se dado tempo para realizar as coisas certas do jeito certo?

A gente às vezes peca por ansiedade. Por acelerar demais as coisas – e as coisas têm a sua velocidade própria para acontecer. Depende um bocado de você, mas não depende só de você.

Você pode acelerar ou atrasar um pouquinho esse ou aquele processo. Mas, de modo geral, a sua ânsia por antecipar os resultados não dá em nada. Ou dá em muito pouco. E não compensa o tanto que você despendeu de energia, e o tanto que você sofreu, nessa sanha antecipatória.

Às vezes, ao contrário, a gente peca ao procrastinar. Ao jogar para frente as decisões essenciais, ao protelar movimentos que são fundamentais para vivermos melhor. Aí é quando empurramos para amanhã coisas que deveríamos resolver hoje.

É que dá medo tentar realizar um sonho e falhar. Então a gente muitas vezes eterniza nossos maiores desejos na imaterialidade, em vez de tentar realizá-los. Com frequência, preferimos continuar podendo sonhar com alguma coisa que não fizemos do que estragar o sonho tentando torná-lo real.

Você tem estado perto das pessoas que lhe fazem bem?

A gente muitas vezes não nutre as relações que nos são mais importantes. Porque damos de barato que aquelas pessoas estarão ali para sempre. Não estarão. As relações florescem e murcham, mesmo quando cuidamos delas. Imagina quando as negligenciamos.

E mesmo que aquelas pessoas continuem por perto, amanhã elas serão outras. E você também. Aproveite bem a convivência com elas hoje.

Enquanto isso, muitas vezes investimos em relações que não nos trazem nada. Queremos conquistar novas simpatias. Sermos admirados por gente nova. E nessa baciada deixamos entrar em nosso campo de força muita gente que não vale um peido de vaca.

Não raro, curiosamente, essas pessoas são as que mais nos esforçamos em agradar. Gente que, inclusive, ao perceber esse seu esforço, trabalha com golpes de curta distância esse seu flanco desguarnecido como o que ele no fundo é: uma fragilidade, uma carência. Como se você fosse um masoquista em busca de um sádico que lhe faça sofrer. (Quem nunca?)

A todas essas, não esqueça, relegamos ao fundo da gaveta aquelas pessoas que nos amam de verdade. E isso é um absurdo.

Em 2020, lhe desejo estar mais perto de quem lhe quer bem de verdade. E que você não esqueça de também fazer muito felizes as pessoas que lhe fazem feliz. Não se trata só de receber – mas de devolver também. Ou melhor: de dar primeiro, de oferecer aos outros o que você tem de melhor.

Em 2020, lhe desejo construir coisas relevantes. Para os outros e para si mesmo. Que você descubra cada vez mais as suas verdades, e aceite cada vez mais as suas vontades, e realize aquilo que deseja realizar na vida. Porque a vida é curta e você tem uma obra a pôr de pé, antes de ir embora.

Em 2020, desejo também que esse tino de construir um legado bacana – sobretudo para que você mesmo possa olhar para trás, um dia, ali na frente, e sentir que não ficou em dívida com ninguém, em especial consigo mesmo – não acarrete crises de ansiedade e pânico, nem muitas noites de angústia. Que você consiga caminhar no passo certo, que lhe permita realizar tudo o que sonhou sem que isso lhe funda o motor.

Por fim, em 2020, desejo que você possa ser seu mais arguto conselheiro. Que você sempre possa oferecer a melhor palavra de acolhimento e de incentivo a si mesmo.

Feliz Ano-Novo!

Adriano Silva é jornalista e empreendedor, CEO & Founder da The Factory e Publisher do Projeto Draft e do Draft Canada. Autor de nove livros, entre eles a série O Executivo Sincero, Treze Meses Dentro da TV e A República dos Editores. Foi Diretor de Redação da Superinteressante e Chefe de Redação do Fantástico, na TV Globo.